Amizades, 2011 corre-me maravilhosamente mas andou agreste de saúde e agora está agreste de trabalho. Primeiro, um início de ano constipada. Ora aparecia ora desaparecia... até que à terceira tentativa apanhou-me já em forma de monstro gripal e andei por aí, febril e fraquita. Já passou, óptimo, maravilha. Entre uma ou outra maleita extra que de grave não tem nada, lá regressei ao trabalho. Ainda a medo de ir para Lisboa apanhar frio, forcei-me a sair para trabalhar nas bibliotecas municipais à volta. Sabe bem, apanha-se um solzito, lancha-se croissants.
Entretanto a orientadora muda de instituição de ensino (estou muito feliz pela sua progressão!), o que me retirou temporariamente do contacto mais frequente com o ISCTE. Apareço lá para o ocasional trabalho na biblioteca, que culmina inevitavelmente em almoços de sushi com a minha parceira Diana e com livros requisitados para depois ler em casa. Tenho mesmo que regressar à casa de acolhimento, preciso de socializar dentro do meu grupo de pares e estar num ambiente propício ao trabalho académico (e não tanto ao inevitável trabalho doméstico).
Falando em trabalho doméstico, há coisa de duas semanas apercebi-me que nunca havia medido quantas horas trabalho por dia. Acede-se ao download.com, saca-se um relógio multifuncional e cada vez que saio do PC, paro para ver uma série, vou fazer a cama ou o jantar ou me perco com objectos brilhantes em geral faço pausa no relógio. E no primeiro dia fui invadida por uma terrível sensação de culpa perante uma evidência aterradora. Não vou dizer quantas horas estava a trabalhar porque, mesmo sinceramente, tenho vergonha. Contudo, como boa aluna que sou, aprendo com os erros e neste momento forço-me a fazer x horas por dia. A minha produtividade - muito literalmente - triplicou e não podia estar mais satisfeita com os resultados reais que isso tem trazido ao meu pobre capítulo 1, que anda para aqui empancado desde que nasceu.
Psicologicamente, ao chegar à marca dos dois anos de bolsa, sinto-me aterrorizada. Mas não muito, que eu não sou de sofrer antecipadamente. Faltam dois anos e picos, é tanto quanto até agora; e sinto que sou capaz, não tenho dúvidas. Mas a enormidade do trabalho empírico que me espera (segunda volta de trabalho de campo e entrevistas a meio Portugal) deixa-me com um nó no estômago. Ou então ando a comer croissants a mais e agora diz que é nervos.
E agora, depois destas aventuras todas, tenho só o primeiro capítulo para organizar e começar a redigir, uma apresentação para Maio, o texto dessa mesma apresentação para Abril e o plano de regressar ao terreno o mais rapidamente que me seja possível. Não me queixo da vida, só estou um bocadinho assoberbada.
Ora, andava eu em busca de um livro do Talcott Parsons que não existe na biblioteca do ISCTE, estive meeeesmo para o comprar mas o meu rico Google acabou por me presentear com este magnífico site. A malta inscreve-se de grátes, escolhe o livrinho e lê online. "Nhe nhe nhe ler online é chato". É mais chato gastar dinheiro com um livro que se vai usar três ou quatro vezes. Family, socialization and interaction process tem o condão de me oferecer pensamentos suicidas, mas pelo menos não paguei por ele. Espero que venha trazer algo de bom para os dois leitores deste blog.
Um forte abraço e até ao meu regresso.