quarta-feira, 16 de março de 2011

A percepção do tempo


Apercebo-me de tudo quanto tenho feito este ano (e ainda vamos em Março!). No início do ano publiquei o Working Paper, já enviei um abstract para um outro paper, já revi novamente a minha base de terreno e o capítulo 1 já tem 15 páginas escritas do zero e sobre uma matéria que dominava muito mal. 

Fiz isto tudo. Mas continua a ser uma dor de alma ter que ler um livro e demorar horas intermináveis. E depois fica o inevitável sentimento que aquilo não é trabalho. E a incompreensão generalizada sobre o que raio faço eu da vida. Não é coisa que me perturbe diariamente. Mas há dias e dias neste ofício...


sexta-feira, 4 de março de 2011

Eish, tanto tempo!


Amizades, 2011 corre-me maravilhosamente mas andou agreste de saúde e agora está agreste de trabalho. Primeiro, um início de ano constipada. Ora aparecia ora desaparecia... até que à terceira tentativa apanhou-me já em forma de monstro gripal e andei por aí, febril e fraquita. Já passou, óptimo, maravilha. Entre uma ou outra maleita extra que de grave não tem nada, lá regressei ao trabalho. Ainda a medo de ir para Lisboa apanhar frio, forcei-me a sair para trabalhar nas bibliotecas municipais à volta. Sabe bem, apanha-se um solzito, lancha-se croissants. 

Entretanto a orientadora muda de instituição de ensino (estou muito feliz pela sua progressão!), o que me retirou temporariamente do contacto mais frequente com o ISCTE. Apareço lá para o ocasional trabalho na biblioteca, que culmina inevitavelmente em almoços de sushi com a minha parceira Diana e com livros requisitados para depois ler em casa. Tenho mesmo que regressar à casa de acolhimento, preciso de socializar dentro do meu grupo de pares e estar num ambiente propício ao trabalho académico (e não tanto ao inevitável trabalho doméstico).

Falando em trabalho doméstico, há coisa de duas semanas apercebi-me que nunca havia medido quantas horas trabalho por dia. Acede-se ao download.com, saca-se um relógio multifuncional e cada vez que saio do PC, paro para ver uma série, vou fazer a cama ou o jantar ou me perco com objectos brilhantes em geral faço pausa no relógio. E no primeiro dia fui invadida por uma terrível sensação de culpa perante uma evidência aterradora. Não vou dizer quantas horas estava a trabalhar porque, mesmo sinceramente, tenho vergonha. Contudo, como boa aluna que sou, aprendo com os erros e neste momento forço-me a fazer x horas por dia. A minha produtividade - muito literalmente - triplicou e não podia estar mais satisfeita com os resultados reais que isso tem trazido ao meu pobre capítulo 1, que anda para aqui empancado desde que nasceu.

Psicologicamente, ao chegar à marca dos dois anos de bolsa, sinto-me aterrorizada. Mas não muito, que eu não sou de sofrer antecipadamente. Faltam dois anos e picos, é tanto quanto até agora; e sinto que sou capaz, não tenho dúvidas. Mas a enormidade do trabalho empírico que me espera (segunda volta de trabalho de campo e entrevistas a meio Portugal) deixa-me com um nó no estômago. Ou então ando a comer croissants a mais e agora diz que é nervos. 

E agora, depois destas aventuras todas, tenho o primeiro capítulo para organizar e começar a redigir, uma apresentação para Maio, o texto dessa mesma apresentação para Abril e o plano de regressar ao terreno o mais rapidamente que me seja possível. Não me queixo da vida, só estou um bocadinho assoberbada. 

Deixo-vos um link para a mais recente descoberta: http://openlibrary.org/
Ora, andava eu em busca de um livro do Talcott Parsons que não existe na biblioteca do ISCTE, estive meeeesmo para o comprar mas o meu rico Google acabou por me presentear com este magnífico site. A malta inscreve-se de grátes, escolhe o livrinho e lê online. "Nhe nhe nhe ler online é chato". É mais chato gastar dinheiro com um livro que se vai usar três ou quatro vezes. Family, socialization and interaction process tem o condão de me oferecer pensamentos suicidas, mas pelo menos não paguei por ele. Espero que venha trazer algo de bom para os dois leitores deste blog.

Um forte abraço e até ao meu regresso.