terça-feira, 3 de maio de 2011

Tempo tempo tempo não tenho tempo tempo tempo tempo



Desde o início do ano que esta vidinha deu uma volta grande e estranha. Especialmente desde meados de Março que a concentração não tem sido a melhor, admito, confesso, flagelo-me. Como não vivo sem a ilusão de organização, tomei medidas.

Primeiro instalei um contador no PC; sempre que me desviava do trabalho para fazer uma tarefa doméstica ou, confesso, flagelo-me, admito, ver uma série (a culpa é minha que estejamos no auge da época televisiva americana?!? Não é!), pausava o contador. E no primeiro dia fiquei catatónica, enrolada sobre mim mesma no chão da cozinha quando vi quantas horas trabalhava. Não digo quantas, que é feio, mas adianto que se a minha produtividade já é considerada por terceiros como sendo para cima de espectacular, se investisse 7 horas por dia tinha a tese feita desde 1976. 

Os números no contador foram aumentando, proporcionalmente à a minha auto-estima e garantindo uma melhor resolução da culturalmente induzida culpa judaico-cristã que me assolou durante uns dias. Há dias melhores, há dias piores, mas esta medição absolutamente anal do tempo é o que me mantém com a noção de produtividade/ hora conforme a tarefa. 

Agora esta mocita com a mania das organizações e com a disciplina de um macaco decide que se calhar não era mal pensado fazer uma espécie de horário escolar. Há uma regra das profissões criativas (não me lixem, escrever uma tese é um ramo criativo!) que é escrever todos os dias e acho que me ando a esquecer um bocado desse corolário. Por isso, no meu magnífico horário escolar em Excel tenho pelo menos uma hora diária dedicada à escrita. Também tenho umas horas semanais dedicadas a tudo quanto seja métodos, que também é uma área que está a ficar descurada; a metodologia e o desenho da pesquisa têm que estar sempre a rodear todo o trabalho de tese, dizem-me. 

Vamos ver o resultado destas novas medidas. No fundo, os detalhes de gestão de tempo são uma aprendizagem nestes tempos mansos de doutoramento. Tenho perfeita noção da tranquilidade relativa deste momento académico e do seu carácter quase irrepetível. Por isso vou falhando e aprendendo, acertando e aprendendo. Mas sempre aprendendo.